Decoração impacta na saúde mental e no humor? Veja as dicas de especialistas

Com base na psicologia ambiental e neuroarquitetura, experts explicam como promover bem-estar na estética da casa

4 de jun. de 2023

Foi durante a quarentena que uma tendência na área de design de interiores começou a despontar, o cosy living (“aconchegante”, em inglês). Segundo a WGSN, empresa que faz previsões de consumo e comportamento, a estética ganhou “os holofotes em 2020 impulsionada pelo período pandêmico e pelo desejo por ambientes mais confortáveis.”

Com a quarentena transformando o ambiente doméstico em home office, local de estudos e exercícios físicos, houve um aumento na busca por maneiras de integrar estes espaços, que antes não se misturavam muito, e torná-los mais agradáveis. Como já falamos aqui no gshow, o reflexo disso foi um movimento de cerca de US$1,5 trilhão na indústria de bem-estar em 2021: empresas, antes dedicadas a apenas um setor, como moda, casa ou beleza, começaram a mesclar estes universos.

Mas, então, como deixar a casa mais aconchegante? Escolher as cores certas, se atentar à iluminação, manter a organização e limpeza são alguns passos iniciais, mas, para entregar um guia completo, o gshow conversou com dois especialistas no assunto: Kelly Curcialeiro, arquiteta energética e terapeuta de ambientes, e Lorí Crizel, arquiteto, urbanista e especialista em neuroarquiteura.


Arquitetura energética

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A psicologia ambiental é uma das áreas que estuda como as pessoas interagem com o ambiente físico ao seu redor, analisando as reações humanas e como melhorar essas sensações.

Cores, iluminação, plantas, cristais e tipos de móveis: Kelly Curcialeiro acredita que o equilíbrio entre estes itens pode criar ambientes agradáveis para o morador, além de bonitos e funcionais. Para isso, ela considera técnicas de áreas como Feng Shui, aromaterapia, harmonização sonora, o uso de cristais e plantas e a biofilia (técnica que tem como foco do projeto arquitetônico a conexão com a natura).

As cores podem afetar significativamente as pessoas, de uma maneira positiva ou negativa

Kelly explica que, ao pensar na paleta de cores do local, é imprescindível levar em conta como a iluminação irá refletir nessa tonalidade. A luz natural, por exemplo, pode realçar a cor de uma parede. Já a luz artificial, dependendo da temperatura da lâmpada, pode mudar completamente o resultado esperado. E a falta de iluminação pode impactar diretamente na saúde mental, humor e até causar dores de cabeça.

  • Azul é, frequentemente, associado ao intelecto, a tranquilidade e à calma;

  • Vermelho pode aumentar a energia e a excitação;

  • Verde é frequentemente associado à natureza e ao relaxamento;

  • Tons mais escuros podem ter um efeito mais dramático e emocional;

  • Tons mais claros podem trazer tranquilidade e calma, além de dar uma sensação de amplitude ao espaço.


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Vale pontuar, ainda, que a combinação de cores também interfere no resultado, como explica o livro "A Psicologia das Cores", de Eva Heller: por exemplo, a mistura de branco com tons de cinza e azul, remetem à frieza; mesclar vermelho, preto e azul na decoração representa força; combinar branco, preto, bege e cinza é sinônimo de elegância.

A escolha dos móveis e a forma como são dispostos podem afetar a energia, funcionalidade e a sensação de conforto do local

De acordo com os conceitos do Feng Shui, a disposição dos móveis pode “facilitar o fluxo de movimento e levar em consideração a energia vital (“chi”) que flui pelo ambiente, objetivando o equilíbrio entre as energias yin e yang”, explica Kelly;

  • Nada de prezar apenas pela beleza! É importante escolher móveis que sejam confortáveis e ergonômicos;

  • A altura e o tamanho dos móveis devem ser proporcionais ao espaço disponível e as necessidades individuais de cada pessoa;

  • Atenção, acumuladores: evite o excesso de móveis e objetos no ambiente. A desorganização pode causar uma sensação de desequilíbrio visual e, dependendo do local, impactar na produtividade;

  • Móveis com cantos arredondados são, energeticamente, mais positivos;

  • Se possível, posicione a cama de forma que você tenha uma visão clara da porta do quarto: isso aumenta o sentimento de segurança e controle.


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Plantas desempenham um papel importante energeticamente, representando o crescimento, vitalidade e renovação
  • Plantas que purificam o ar e aumentam a umidade: espada de São Jorge, pacová, clorofito, jiboia limão e jiboia coração;

  • Plantas terapêuticas: lavanda, eucalipto e arruda;

  • Algumas espécies, no entanto, precisam ficar em lugares estratégicos da casa: o pacová, bambu da sorte, zamioculca e lírio-da-paz, por exemplo, são plantas de sombra, já as bromélias e lambaris zebrina precisam de sol e claridade.


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Objetos podem ajudar a criar uma decoração harmoniosa e que promovem bem-estar
  • Velas ou óleos essenciais: ajudam a criar um ambiente acolhedor, além de ajudar em aspectos como concentração, relaxamento e criatividade, dependendo da finalidade;

  • Espelhos: podem ampliar a luz natural, aumentar a sensação de espaço e melhorar o fluxo de energia;

  • Objetos de arte: adicionam cor e vida ao ambiente e estimulam a criatividade;

  • Cristais: além de dar um toque especial no ambiente, eles são poderosos para equilibrar a energia e promover bem-estar. Kelly explica cada cristal tem suas propriedades e pode ser escolhido de acordo com o objetivo específico que se deseja alcançar.

  • Objetos que devem ser evitados: peças quebradas podem trazer energia estagnada, representam escassez e falta de progresso, objetos vinculados a lembranças tristes podem manter a energia negativa presa ao ambiente, objetos excessivamente decorados tendem a criar uma sensação de confusão e desordem.


Neuroarquitetura

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Outro campo que estuda a relação entre os espaços arquitetônicos e a cognição, emoções e o bem-estar das pessoas é a neuroarquitetura. Com uma abordagem interdisciplinar, Lorí Crizel explica que o estudo “se baseia na ideia de que nosso cérebro está constantemente em interação com o ambiente ao nosso redor, e que a qualidade desse espaço pode ter um impacto significativo em nossa saúde e desempenho.”

Como exemplo prático de como a neuroarquitetura funciona, o arquiteto cita os métodos usados em pesquisas científicas, que se utilizam de neuroimagem (ou imagem cerebral) para investigar como o cérebro responde a determinados ambientes ou composições espaciais: elas identificam níveis de estresse, padrões de atividade cerebral e outros parâmetros que os profissionais de neuroarquitetura vão usar como base para criar projetos com o propósito de promover bem-estar, conforto e de serem estimulantes para a mente humana.

Assim como na arquitetura energética, aqui os elementos que compõem o espaço também fazem toda a diferença, mas ao mesmo tempo é preciso sempre levar em consideração os gostos e experiências pessoais. Afinal, todo mundo quer imprimir um pouco da personalidade no local em que mora, certo?


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Os efeitos da proposta projetual podem variar de pessoa para pessoa, ou de proposta para proposta, não havendo uma resposta única para todos os casos, já que as preferências individuais e o objetivo final do projeto também desempenham um papel importante”, reforça Lorí.

O especialista destaca alguns pontos importantes para se ter em mente na hora de decorar o ambiente, independentemente da finalidade.

  • A luz natural é altamente benéfica para o bem-estar, pois ajuda a regular os ritmos circadianos e promove a sensação de alerta e energia;

  • Uso de cores quentes tendem a estimular a energia, a criatividade e a sociabilidade. Por isso, estão muito presentes em espaços comunitários ou áreas de trabalho colaborativo para promover a interação e a comunicação entre as pessoas. Mas, atenção: tons vibrantes ou contrastantes podem ser estimulantes demais e causar agitação em algumas pessoas;

  • A disposição dos móveis deve promover uma circulação fácil e intuitiva, seguir uma hierarquia visual – que auxilia no direcionando do olhar, principalmente em espaços coletivos –, estimular agrupamento e conversação, acessibilidade, e ter flexibilidade para reajustar o layout de acordo com as necessidades;

  • Intercalar móveis ou objetos com formas orgânicas e itens com linhas retas pode deixar o ambiente mais convidativo e com equilíbrio visual;

  • Condicionantes olfativas desempenham um papel importante na questão neurológica, já que este sistema está diretamente conectado ao cérebro. Portanto, os cheiros presentes no ambiente podem afetar o humor e a saúde mental: por exemplo, a lavanda é conhecida por sua capacidade de promover a calma e o relaxamento, enquanto o cheiro de limão pode ter um efeito revigorante e energizante. Mas a exposição constante a odores irritantes ou tóxicos pode causar desconforto, dores de cabeça e até mesmo problemas respiratórios.


Montar um 'spa' em casa é possível, sim!

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Nada como chegar em casa (ou encerrar o home office) após uma longa jornada de trabalho ou estudos, certo? Então, que tal dar uma atualizada na decoração do banheiro para deixá-lo com aquela sensação de spa dentro de casa? Veja as dicas dos experts!

  • Cores neutras e suaves trazem uma sensação de calma e serenidade;

  • Aromaterapia: velas perfumadas, difusores de óleos essenciais ou sachês aromáticos (lavanda é uma boa opção para ajudar a relaxar);

  • Elementos naturais como bambu, cerâmica e madeira e plantas umidificadoras como zamioculca e antúrio;

  • Iluminação que favoreça uma atmosfera relaxante (de preferência com luzes indiretas);

  • Toalhas e roupões macios e felpudos proporcionam uma sensação conforto;

  • Se possível, aproveite um bom banho em uma banheira de hidromassagem com sais (ou chuveiro com opções de jatos de água e iluminação ajustáveis);

  • Cristais são bem-vindos no ambiente para transmutar as energias mais densas.

O importante é criar um ambiente tranquilo e relaxante, onde seja possível desfrutar de momentos de cuidado pessoal e bem-estar, ressalta Lorí.


Créditos do Artigo: GSHOW

Copyright © 2024 Lorí Crízel. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por:

  • NEUROARQUITETURA

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